Conde da Vidigueira

Conde da Vidigueira

Brasão de armas do Conde da Vidigueira
Estado Vidigueira
Residência Vidigueira
Criado em 29 de dezembro de 1519
Primeiro titular Vasco da Gama

Conde da Vidigueira foi um título nobiliárquico de Portugal. Foi concedido a 29 de Dezembro de 1519 a Vasco da Gama, comandante da armada que realizou a descoberta do caminho marítimo para a Índia em 1498-1499, por D. Manuel I, o rei que o enviara à Índia vinte anos antes. Logo após o seu regresso da Ásia tinha Vasco da Gama a 10 de Janeiro de 1500 recebido o tratamento de Dom e o título honorífico hereditário de Almirante da Índia.[1] Mais tarde regressara à India em 1502-1503, e voltaria ainda ao Oriente como Vice-rei da Índia em 1524, sendo o apenas segundo governador do Estado da Índia com estatuto de vice-rei após D. Francisco de Almeida (1505-1509).

O seu trineto, D. Vasco Luís da Gama, 5.º Conde da Vidigueira, recebeu o título de Marquês de Nisa de D. João IV, a 18 de Outubro de 1646, como recompensa pelos seus serviços como embaixador à corte de Paris durante a Guerra da Restauração.

Tal como se tornou habitual nas grandes casas nobres de Portugal nos séculos XVII e XVIII - ver por exemplo os Marqueses de Fronteira (1670), Marqueses de Louriçal (1740), Marqueses de Penalva (1750), ou Marqueses de Lavradio (1753) -, o novo marquesado absorveu o velho condado, ficando o velho título condal então associado ao marquesado, e usado pelos seus herdeiros em vida dos pais.

Note-se que a criação deste condado representa, tal como a criação do Marquesado de Nisa em 1646, a mais notável ascensão social da História de Portugal até então. À época todos os condados de Portugal sem excepção pertenciam à velha e mais alta nobreza senhorial do reino: ver por exemplo os Condes de Monsanto (1460, mais tarde Marqueses de Cascais (1643)), descendentes de um irmão de D. Inês de Castro; os Condes de Cantanhede (1479, mais tarde Marqueses de Marialva (1661)), descendentes do Conde de Neiva, irmão da rainha D. Leonor Teles; ou ainda os Condes de Tarouca (1499, mais tarde Marqueses de Penalva (1750)), descendentes de um irmão do Conde de Neiva e tio de D. Leonor Teles.

A criação do Condado da Vidigueira para Vasco da Gama representa assim uma espectacular ascensão social, visto os Gamas serem originários da relativamente baixa nobreza do século XV, não se conhecendo practicamente os seus ascendentes do século XIV, ao contrário de todas as Casas mencionadas. Assim, os Gamas não são por exemplo sequer mencionados nas crónicas Quatrocentistas de Fernão Lopes, em que todos os outros são protagonistas.

Vasco da Gama, progenitor das casas da Vidigueira e de Nisa, em pintura a óleo de 1838 da autoria de António Manuel da Fonseca, hoje no National Maritime Museum.

A excepcional ascensão social desta linhagem deve-se essencialmente ao singular feito de Vasco da Gama, e aos feitos dos seus sucessores, especialmente dois dos seus filhos na década de 1540 no Oriente, que asseguraram a fama da linhagem; e o título encontra-se assim já plenamente descrito por exemplo por D. António Caetano de Sousa nas Memorias Historicas e Genealogicas dos Grandes de Portugal.[2]

No final do século XVIII, já com varonia de Lima, a linhagem conheceu novamente um grande almirante, D. Domingos Xavier de Lima, o 7.º Marquês de Nisa.

O 9.º marquês, "depois de ter dissipado a sua enorme casa",[3] faleceu em 1873, e os seus títulos não foram renovados. Apenas em 1898, por ocasião das grandes celebrações do quarto centenário do descobrimento do caminho marítimo para a Índia, foi o título de Conde da Vidigueira de Vasco da Gama renovado num dos seus filhos, em circumstâncias singulares.

  1. FREIRE, Anselmo Braamcamp: Brasões da Sala de Sintra, Vol. III, p. 380
  2. CAETANO DE SOUSA, António: Memorias Historicas e Genealogicas dos Grandes de Portugal, pp. 175-187.
  3. BRAAMCAMP FREIRE, Anselmo, op. cit., Vol. II, pp. 91-96.

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