Guerra dos Trinta Anos

 Nota: Para a guerra mundial ocorrida entre 1914 e 1945, veja Guerra dos Trinta Anos do Século XX.
Guerra dos Trinta Anos
Guerras de religião na Europa

Mapa da Europa em 1648, após o Tratado de Vestfália. A área em cinza representa os estados alemães do Sacro Império.
Data 3 de maio de 161815 de maio de 1648
Local Europa (principalmente Alemanha)
Desfecho Paz de Vestfália
Beligerantes
Reino da Suécia
Boêmia
Dinamarca-Noruega (1625–1629)
República dos Países Baixos
Escócia
Inglaterra Inglaterra
França
Saxônia
Eleitorado do Palatinato
Brandemburgo-Prússia
Brunsvique-Luneburgo
Transilvânia
Rebeldes magiares anti-habsburgos

Apoio:
Czarado da Rússia
Império Otomano Império Otomano
Sacro Império Romano-Germânico

Baviera
Hungria
Reino da Croácia
Espanha
Dinamarca-Noruega (1643–45)

Apoio:

Comandantes
Suécia Gustavo II Adolfo
Suécia Johan Banér
Suécia Carlos X
Frederico V
Luís XIII
Cardeal de Richelieu
Luís XIV
Visconde de Turenne
Bernardo de Saxe-Weimar
João Jorge I
Dinamarca Cristiano IV
Inglaterra Carlos I de Stuart
Inglaterra Jorge Villiers
Maurício de Orange
Piet Heyn
Frederico V
Gabriel Bethlen
Peter Ernst
Mikhail Shein
Christian de Brunswick
Império Otomano Ohrili Hüseyin Pasha
Fernando II
Fernando III
João T'Serklaes von Tilly
Albrecht von Wallenstein
Filipe III
Filipe IV
Conde-Duque de Olivares
Cardeal-Infante Ferdinand
Maximiliano I
Matthias Gallas
Sigismundo III
Forças
~ 495 000, sendo:
150 000 suecos
20 000 dinamarqueses
75 000 neerlandeses
100 000 alemães
150 000 franceses
~ 450 000, sendo:
300 000 espanhóis
150 000 alemães
8 000 000 de mortos[3]

Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) é a denominação genérica de uma série de guerras que diversas nações europeias travaram entre si a partir de 1618, especialmente na Alemanha, por motivos variados: rivalidades religiosas, dinásticas, territoriais e comerciais. Foi um dos maiores e mais destrutivos conflitos da história, deixando um saldo de mais de oito milhões de mortos, sendo a maioria da Europa Central.[4]

As rivalidades entre católicos e protestantes e assuntos constitucionais germânicos foram gradualmente transformados numa luta europeia. Apesar de os conflitos religiosos serem a causa direta da guerra, ela envolveu um grande esforço político do Império Sueco e da França para procurar diminuir a força da dinastia dos Habsburgos, que governavam a Monarquia de Habsburgo (futuro Império Austríaco). As hostilidades causaram sérios problemas econômicos e demográficos na Europa Central e tiveram fim com a assinatura, em 1648, de alguns tratados (Münster e Osnabrück) que, em bloco, são chamados de Paz de Vestfália.

Os conflitos religiosos ocorridos na Alemanha e solucionados em 25 de setembro de 1555 com a assinatura da Paz de Augsburgo inauguraram um período no qual cada príncipe podia impor sua crença aos habitantes de seus domínios. O equilíbrio manteve-se enquanto os credos predominantes restringiam-se às religiões católica e luterana, mas o advento do calvinismo complicaria o cenário. Considerada uma força renovadora, a nova linha religiosa conquistou diversos soberanos. Os jesuítas e a Contrarreforma, por outro lado, contribuíram para que o catolicismo recuperasse forças. Assim nasceu o projeto expansionista dos Habsburgos, idealizado por Fernando, duque de Estíria, que fora educado pelos jesuítas. O perigo ameaçava tanto as potências protestantes no norte como a vizinha França.

À medida que o conflito se desenrolava, a luta estava sendo influenciada por muitos outros temas colaterais, tais como as rivalidades e ambições dos príncipes alemães e a teimosia de alguns dirigentes europeus, sobretudo dos franceses e suecos, em abater o poderio do católico Sacro Império Romano-Germânico, o instrumento político da família dos Habsburgos.

Esta conjuntura fora desencadeada na segunda metade do século XVI pelas fraquezas do Tratado de Augsburgo, um acordo concluído em 1555 entre o Sacro Império católico e os Estados luteranos.

As tensões religiosas agravaram-se na Alemanha no decurso do reinado do imperador Rodolfo II (1576-1612), período durante o qual foram destruídas muitas igrejas protestantes. As liberdades religiosas dos crentes protestantes foram limitadas, nomeadamente as relativas à liberdade de culto; os oficiais do governo lançaram as bases do Tratado de Augsburgo, que criou condições para o refortalecimento do poder católico.

Com a fundação da União Protestante em 1608, uma aliança defensiva protestante dos príncipes e das cidades alemãs, e a criação, no ano seguinte, da Liga Católica, uma organização semelhante mas dos católicos romanos, tornava-se inevitável o recurso à guerra para tentar resolver o conflito latente, o qual foi desencadeado pela secção da Boêmia da União Protestante.

No Reino da Boêmia (atual República Checa), teve início uma disputa pela sucessão do trono, que envolveu católicos e protestantes. Fernando II de Habsburgo, com a ajuda de tropas e recursos financeiros da Espanha, dos germânicos católicos e do papa, conseguiu derrotar os protestantes da Boêmia.

Os protestantes, que constituíam a maior parte da população, estavam indignados com a agressividade da hierarquia católica. Os protestantes exigiam de Fernando II, o rei da Boêmia e futuro imperador do Sacro Império Romano-Germânico, uma intercessão em seu favor. Todavia, as reivindicações foram totalmente ignoradas pelo rei, pois este era um fervoroso católico e um potencial herdeiro do poder imperial dos Habsburgos. Fernando II estabeleceu o catolicismo como único credo permitido na Boêmia e na Morávia. Os protestantes boêmios consideraram o ato de Fernando como uma violação da Carta de Majestade. Isso provocou nos boêmios o desejo de independência.

A 23 de maio de 1618, descontentes com os católicos que destruíram um de seus templos, os protestantes invadiram o palácio real em Praga e defenestraram dois dos seus ministros e um secretário, fato que ficou por isso conhecido como Defenestrações de Praga, tendo despoletado a sublevação protestante. Assim começava a guerra, que abrangeu as revoltas holandesas depois de 1621 e concentrou-se em um confronto franco-Habsburgo após 1635.

  1. «The Consequences and Effects of the Thirty Years War»  "The later divisions that occurred made Europe more like it is now with the Catholic areas in the south and the Lutherans farther north and more importantly, it took the central power from the Catholic Church."
  2. Helmolt, Hans Ferdinand (1903). The World's History: Western Europe to 1800. [S.l.]: W. Heinemann. p. 573. ISBN 0-217-96566-0 
  3. White, Matthew. «Selected Death Tolls for Wars, Massacres and Atrocities Before the 20th Century». Necrometrics 
  4. Clodfelter, Micheal (2017). Warfare and Armed Conflicts: A Statistical Encyclopedia of Casualty and Other Figures, 1492-2015. [S.l.]: McFarland. p. 40. ISBN 978-0786474707 

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