Idealismo

 Nota: Para outros significados, veja Idealismo (relações internacionais), Idealismo (escatologia) ou Ideal.
Platão na Escola de Atenas, por Rafael

Na filosofia, o idealismo é o grupo de filosofias metafísicas que afirmam que a realidade, ou a realidade como os humanos podem conhecê-la, é fundamentalmente mental, mentalmente construída ou imaterial. Epistemologicamente, o idealismo se manifesta como um ceticismo quanto à possibilidade de conhecer qualquer coisa independente da mente. Em contraste com o materialismo, o idealismo afirma a primazia da consciência como a origem e o pré-requisito dos fenômenos materiais. De acordo com essa visão, a consciência existe antes e é a pré-condição da existência material. A consciência cria e determina o material e não vice-versa. O idealismo acredita que a consciência e a mente são a origem do mundo material e tem como objetivo explicar o mundo existente de acordo com esses princípios.[1]

As teorias do idealismo são divididas principalmente em dois grupos. O idealismo subjetivo toma como ponto de partida o fato dado à consciência humana de ver o mundo existente como uma combinação de sensação. O idealismo objetivo postula a existência de uma consciência objetiva que existe antes e, em certo sentido, independentemente da humana. Em um sentido sociológico, o idealismo enfatiza como as ideias humanas — especialmente crenças e valores — moldam a sociedade.[2] Como doutrina ontológica, o idealismo vai além, afirmando que todas as entidades são compostas de mente ou espírito.[3] O idealismo rejeita, assim, as teorias fisicalistas e dualistas que não atribuem prioridade à mente.

Os primeiros argumentos existentes de que o mundo da experiência está fundamentado no mental derivam da Índia e da Grécia. Os idealistas hindus da Índia e os neoplatonistas gregos apresentaram argumentos panenteístas para uma consciência onipresente como o fundamento absoluto ou a verdadeira natureza da realidade.[4] Em contraste, a escola Yogācāra, que surgiu no budismo maaiana na Índia no século IV EC[5] baseou seu idealismo "mente-apenas" em maior medida nas análises fenomenológicas da experiência pessoal. Isso se volta para os empiristas subjetivos antecipados, como George Berkeley, que reviveu o idealismo na Europa do século XVIII, empregando argumentos céticos contra o materialismo, e, na modernidade, o idealismo descreve também uma corrente filosófica em que a posição central da subjetividade é fundamental, cujo oposto é o materialismo. Tendo suas origens a partir da revolução filosófica iniciada por Descartes, é aos pensadores alemães que o idealismo[6] está em geral associado, desde Kant até Hegel: começando com Immanuel Kant, idealistas alemães como Georg Wilhelm Friedrich Hegel, Johann Gottlieb Fichte, Friedrich Wilhelm Joseph Schelling e Arthur Schopenhauer dominaram a filosofia do século XIX. Essa tradição, que enfatizava o caráter mental ou "ideal" de todos os fenômenos, deu origem a escolas idealistas e subjetivistas, que vão do espiritualismo filosófico francês e idealismo britânico ao fenomenalismo e ao existencialismo. Acredita-se que a teoria das ideias de Platão é, historicamente, um dos primeiros idealismos, em que a verdadeira realidade está no mundo das ideias, das formas inteligíveis, acessíveis apenas à mente racional.

O idealismo como filosofia sofreu um forte ataque no Ocidente na virada do século XX. Os críticos mais influentes do idealismo epistemológico e ontológico foram G. E. Moore e Bertrand Russell,[7] mas seus críticos também incluíram os novos realistas. Segundo a Stanford Encyclopedia of Philosophy, os ataques de Moore e Russell foram tão influentes que, mesmo mais de 100 anos depois, "qualquer reconhecimento de tendências idealistas é visto com reservas no mundo de língua inglesa". No entanto, muitos aspectos e paradigmas do idealismo ainda tiveram uma grande influência na filosofia subsequente.[8]

  1. Embree; Nenon, eds. (2012). Husserl’s Ideen (Contributions to Phenomenology). Springer Publishing. [S.l.: s.n.] ISBN 9789400752122 
  2. Macionis, John J. (2012). Sociology 14th Edition. Pearson. Boston: [s.n.] ISBN 978-0-205-11671-3 
  3. Daniel Sommer Robinson, "Idealism", Encyclopædia Britannica
  4. Ludwig Noiré, Historical Introduction to Kant's Critique of Pure Reason
  5. Zim, Robert (1995). Basic ideas of Yogācāra Buddhism. San Francisco State University. Source: (Retrieved 18 October 2007).
  6. Gonçal Mayos, A maturidade do Idealismo Arquivado em 21 de julho de 2011, no Wayback Machine., trad. José Luiz Borges Horta.
  7. Sprigge, T. (1998). Idealism. In The Routledge Encyclopedia of Philosophy. Taylor and Francis. Retrieved 29 Jun. 2018. doi:10.4324/9780415249126-N027-1
  8. Stanford Encyclopedia of Philosophy 🔗. Metaphysics Research Lab, Stanford University 

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