Poliomielite

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Poliomielite
Poliomielite
Homem com perna direita atrofiada devido à poliomielite
Especialidade infecciologia, neurologia, ortopedia
Classificação e recursos externos
CID-10 A80, B91
CID-9 045, 138
CID-11 588527933
DiseasesDB 10209
MedlinePlus 001402
eMedicine ped/1843 pmr/6
MeSH D011051
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A poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença infecciosa viral aguda transmitida de pessoa a pessoa, principalmente pela via fecal-oral.[1] O termo deriva do grego poliós (πολιός), que significa "cinza", myelós (µυελός "medula"), referindo-se à substância cinzenta da medula espinhal, e o sufixo -itis, que denota inflamação,[2] ou seja, inflamação da substância cinzenta da medula espinhal. Contudo, algumas infecções mais graves podem se estender até o tronco encefálico e ainda para estruturas superiores, resultando em polioencefalite, que provoca apneia, a qual requer ventilação mecânica com o uso de um respirador artificial.

Embora aproximadamente 90% das infecções por pólio não causem sintomas (são assintomáticas), os indivíduos afetados podem exibir uma variedade de sintomas se o vírus atingir a corrente sanguínea.[3] Em cerca de 1% dos casos, o vírus alcança o sistema nervoso central, preferencialmente infectando e destruindo neurônios motores, levando à fraqueza muscular e à paralisia flácida aguda. Diferentes tipos de paralisia podem ocorrer, dependendo dos nervos envolvidos. A pólio espinhal é a forma mais comum, caracterizada por paralisia assimétrica que, com frequência, afeta as pernas. A pólio bulbar cursa com fraqueza dos músculos inervados pelos nervos cranianos. A pólio bulboespinhal é uma combinação das paralisias bulbar e espinhal.[4]

A poliomielite foi reconhecida pela primeira vez como uma condição distinta por Jakob Heine, em 1840.[5] Seu agente causador, o poliovírus, foi identificado em 1908 por Karl Landsteiner.[5] Embora grandes epidemias de pólio sejam desconhecidas até o final do século XIX, esta foi uma das doenças infantis mais temidas do século XX. As epidemias de pólio causaram deficiências físicas em milhares de pessoas, principalmente crianças. A pólio existiu por milhares de anos silenciosamente, como um patógeno endêmico até os anos 1880, quando grandes epidemias começaram a ocorrer na Europa; pouco depois, as epidemias espalharam-se nos Estados Unidos.[6]

Por volta de 1910, grande parte do mundo experimentou um aumento dramático dos casos de poliomielite e as epidemias tornaram-se eventos comuns, principalmente nas cidades durante os meses de verão. Essas epidemias — que deixaram milhares de crianças e adultos paralíticos — incentivaram a "Grande Corrida" em busca do desenvolvimento de uma vacina. Desenvolvida na década de 1950, a vacina contra a pólio reduziu o número global de casos da doença por ano de centenas de milhares para menos de mil.[7] Os esforços pela vacinação, apoiados pela GAVI Alliance, Rotary International, Organização Mundial da Saúde (OMS) e UNICEF, devem resultar na erradicação global desta doença.[8][9]

Em agosto de 2020 a OMS anunciou que apenas dois países ainda tinham casos de transmissão e que "o mundo está mais perto de alcançar a erradicação global da pólio".[10]

  1. Cohen JI (2004). «Chapter 175: Enteroviruses and Reoviruses». In: Kasper DL, Braunwald E, Fauci AS; et al. Harrison's Principles of Internal Medicine 16 ed. [S.l.]: McGraw-Hill Professional. p. 1144. ISBN 0-07-140235-7 
  2. Chamberlin SL, Narins B (eds.) (2005). The Gale Encyclopedia of Neurological Disorders. Detroit: Thomson Gale. pp. 1859–70. ISBN 0-7876-9150-X 
  3. Ryan KJ, Ray CG (eds.) (2004). «Enteroviruses». Sherris Medical Microbiology 4 ed. [S.l.]: McGraw Hill. pp. 535–7. ISBN 0-8385-8529-9 
  4. Atkinson W, Hamborsky J, McIntyre L, Wolfe S (eds.) (2009). «Poliomyelitis». Epidemiology and Prevention of Vaccine-Preventable Diseases (The Pink Book) (PDF) 11 ed. Washington DC: Public Health Foundation. pp. 231–44 
  5. a b Paul JR (1971). A History of Poliomyelitis. Col: Yale studies in the history of science and medicine. New Haven, Conn: Yale University Press. pp. 16–18. ISBN 0-300-01324-8 
  6. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Trevelyan
  7. Aylward R (2006). «Eradicating polio: today's challenges and tomorrow's legacy». Ann Trop Med Parasitol. 100 (5–6): 401–13. PMID 16899145. doi:10.1179/136485906X97354 
  8. Heymann D (2006). «Global polio eradication initiative». Bull. World Health Organ. 84 (8): 595. PMC 2627439Acessível livremente. PMID 16917643. doi:10.2471/BLT.05.029512 [ligação inativa] 
  9. McNeil, Donald (1 de fevereiro de 2011). «In Battle Against Polio, a Call for a Final Salvo». New York Times. Consultado em 1 de fevereiro de 2011 ; excerto, "... getting rid of the last 1 percent has been like trying to squeeze Jell-O to death. As the vaccination fist closes in one country, the virus bursts out in another .... The [eradication] effort has now cost $9 billion, and each year consumes another $1 billion."
  10. «Global polio eradication initiative applauds WHO African region for wild polio-free certification». www.who.int (em inglês). Consultado em 30 de agosto de 2020 

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