Luteranismo

O luteranismo é um dos principais segmentos do protestantismo, com aproximadamente mais de 77 milhões de fiéis,[1] que tem por base a teologia de Martinho Lutero, um frade católico, reformador e teólogo alemão.[2] Surgiu a partir dos esforços de Martinho Lutero em reformar a doutrina e prática da Igreja Católica, até então a tradição cristã dominante no ocidente, o que originou a Reforma Protestante. As Igrejas Luteranas aderem à Bíblia como a principal e maior autoridade (doutrina conhecido como Sola scriptura) e aos três Credos (Apostólico, Niceno e Atanasiano), com a doutrina luterana sendo explicada no Livro de Concórdia.[3] Os luteranos se consideram em continuidade com a igreja apostólica original e afirmam os escritos dos Padres da Igreja e os quatro primeiros concílios ecumênicos.[4]

A Reforma Protestante teve como início a publicação das 95 Teses, que foram divulgadas nos territórios de língua alemã do Sacro Império Romano-Germânico criticando algumas práticas da Igreja Católica, contrariando as autoridades governamentais e eclesiásticas da época. Durante a Reforma, o luteranismo tornou-se a religião oficial de vários estados do norte da Europa, especialmente no norte da Alemanha, Escandinávia e a então Ordem da Livônia (território o qual hoje corresponde a Letônia). A divisão entre os católicos romanos e os luteranos aconteceu em 1521 com a Dieta de Worms, onde Lutero e todos seus seguidores foram oficialmente excomungados pela Igreja Católica.[5] A divisão tinha por base a doutrina da justificação, sendo que Lutero advocava-a através do princípio de que "a salvação vem somente pela graça, somente pela fé e somente por Cristo", contrariando o ponto de vista romano, que se baseava em uma "salvação pelo amor e pelas boas obras". Em 1530 foi publicada a Confissão de Augsburgo, clarificando as posições das igrejas luteranas, se tornando sua principal confissão de fé. As posições que as igrejas que se separaram e seguiram foram eventualmente codificadas no Livro de Concórdia em 1580, que possui os documentos confessionais do luteranismo.

Ao contrário de outras igrejas cristãs que surgiram por meio da Reforma, assim como o calvinismo, o luteranismo mantém muitas práticas litúrgicas, mantendo até hoje a Missa como era praticada na Alemanha no século XVI na forma do Serviço Divino (alemão: Gottesdienst), e ensinamentos sacramentais do período pré-Reforma, com uma ênfase particular na eucaristia, ou "Santa Ceia", afirmando a presença real de Cristo por meio da União Sacramental, e do Batismo, ensinando a "regeneração pelo batismo" e batismo infantil. Seguindo a doutrina da Sola scriptura, a tradição é subordinada às Escrituras e é valorizada por seu papel na proclamação do Evangelho. Os principais pontos em que o luteranismo difere das outras igrejas cristãs são o propósito da Lei de Deus, a vocação eficaz, a perseverança dos santos e a predestinação.

No seu conjunto, o luteranismo é a segunda maior confissão cristã do ocidente (atrás do catolicismo romano), contando ao todo com aproximadamente 80 milhões de fiéis, concentrados sobretudo nos países da Escandinávia.[6][7] Desde 1525 com a Prússia, o luteranismo se tornou a igreja estatal de vários países europeus. As maiores igrejas locais são a sueca (a Igreja da Suécia) e a alemã (Igreja Evangélica na Alemanha).

  1. Segundo dados dos afiliados à Federação Luterana Mundial. «More than 77 million Lutherans in 148 LWF member churches». The Lutheran World Federation (em inglês). 22 de julho de 2020.
  2. MSN Encarta, s.v. " Luteranismo Arquivado em 31 de janeiro de 2009, no Wayback Machine." por George Wolfgang Forell; Christian Cyclopedia, s.v. "Reformation, Luterano" por Lueker, E. et. al. Arquivado em 31 de outubro de 2009.
  3. Fritschel, George John (1916). The Formula of Concord, Its Origin and Contents: A Contribution to Symbolics (em inglês). [S.l.]: Lutheran Publication Society. p. 123 
  4. Ludwig, Alan (12 September 2016). «Luther's Catholic Reformation». The Lutheran Witness (em inglês). When the Lutherans presented the Augsburg Confession before Emperor Charles V in 1530, they carefully showed that each article of faith and practice was true first of all to Holy Scripture, and then also to the teaching of the church fathers and the councils and even the canon law of the Church of Rome. They boldly claim, "This is about the Sum of our Doctrine, in which, as can be seen, there is nothing that varies from the Scriptures, or from the Church Catholic, or from the Church of Rome as known from its writers" (AC XXI Conclusion 1). The underlying thesis of the Augsburg Confession is that the faith as confessed by Luther and his followers is nothing new, but the true catholic faith, and that their churches represent the true catholic or universal church. In fact, it is actually the Church of Rome that has departed from the ancient faith and practice of the catholic church (see AC XXIII 13, XXVIII 72 and other places).  Verifique data em: |data= (ajuda)
  5. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome ENC3
  6. «Member Churches». The Lutheran World Federation (em inglês). 19 de maio de 2013 
  7. Guiame (19 de março de 2009). «Luteranos crescem na Ásia, África e América Latina». Guiame 

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